Formação Intensiva que aborda práticas artísticas e intelectuais interessadas em possíveis estruturas familiares que se contraponha ao modelo de família nuclear tradicional na sociedade ocidentalizada, entendido aqui como condicionante para discriminações de raça, classe, gênero e sexualidade; como produtor de repressão sexual-afetiva; como propiciador de violência contra mulheres, crianças e idosos; e invisibilizador do trabalho reprodutivo.

 

APRESENTAÇÃO

Como as artistas e intelectuais feministas latino-americanas responderam aos problemas que as aprisionavam? Quais eram esses problemas principais? Temos os mesmos problemas hoje? Como podemos nos basear nestas estratégias artísticas para orientar nossas lutas globais atuais?

A Formação em Artivismos Feministas Latino-americanos é um espaço para conhecer, discutir e reativar práticas artísticas e intelectuais que têm denunciado sistematicamente a colonialidade, a discriminação de gênero, o racismo, a violência doméstica e estupro, a necropolítica e as novas formas da guerra. Tais práticas podem ser entendidas como Artivismos que interessam e inspiram as mulheres em suas lutas globais.

A ideia desta formação, entretanto, não é apenas observar passivamente estas denúncias, mas tomar suas estratégias criativas e contextualizá-las em nosso tempo e território, a fim de ecoar e aprender com estas abordagens.

 

OBJETIVOS PEDAGÓGICOS

>Conhecer e discutir as práticas artísticas criadas pelas mulheres latino-americanas entre os anos 1970 e 2000 que denunciam as questões de gênero e violência à luz das discussões e análises das atuais intelectuais feministas latino-americanas.

>Discutir, com base nestas práticas artísticas, questões urgentes para feminismos globais, tais como: colonialidade, gênero e raça, gênero e violência estatal, necropolítica e novos formatos de guerra.

>Pensar coletivamente em propostas feministas artivistas contextualizadas no atual território temporal das/dos participantes, inspiradas nas estratégias estudadas.

 

METODOLOGIA

Nesta formação teórico-prática, as facilitadoras mostram exemplos de obras de arte históricas e fornecerão uma análise sintética de intelectuais feministas decoloniais que ajudam a compreender essas práticas artísticas dentro do contexto atual latinoamericano. Elas proporão exercícios criativos nos quais as/os participantes serão capazes de refletir sobre suas próprias realidades, experiências, desejos, lutas pessoais e coletivas. Por fim, as/os participantes são estimuladas a materializar propostas artivistas coletivas que possam refletir os conteúdos da formação. 

 

FORMADORAS 

Nirlyn Seijas (Venezuela/Brasil) e Melissa Proaño (Equador/França)

 

PROGRAMA 

Noções conceituais preliminares:

Os feminismos decoloniais como aglutinação de muitas agendas e pontos de vista contra a violência do sistema colonial

América Latina como uma metáfora para territórios em disputa.

Reativação e memória como uma forma de conhecer o presente e o futuro. Na cultura, a palavra Ñawpa significa tanto “passado” quanto “futuro”.

A relação entre arte e política na América Latina. A categoria do Artivismo como aglutinador de experiências de transformação ética/estética.

 

Colonialidade, gênero e raça:

>Família nuclear, patriarcado e propriedade privada

>O uso do gênero e da raça no empreendimento colonial

>Confinamento de mulheres brancas (ou crioulas) e exploração de mulheres não-brancas.

>A arte como síntese de muitos temas, emoções, imagens e sua capacidade de ativar diferentes inteligências.

 

Estupro e necropolítica :

>Estupro e submissão: violência patriarcal expressiva.

>Condições para a criação da Necropolítica: Individual-consumidor; subjetividade fascista e construção do “outro”; o corpo como espaço de exploração e dominação; acesso à justiça por raça, classe e gênero.

>Necropolítica: industrialização da morte; terrorismo de estado; zonas de guerra

>Novas formas de guerra e corpos de mulheres: Femigenocídio como um sintoma de crises globais

>Capitalismo, narco-estado e corpos de mulheres.

 

PERFIL DAS/DOS PARTICIPANTES

Não é necessário ter experiência prévia nas artes para participar desta formação. Entretanto, é importante considerar que ela tem um grande componente prático no qual os participantes serão convidados a usar suas habilidades criativas (corpo, voz, plástico, etc.). A formação é aberta a pessoas adultas, de qualquer área, que estejam motivadas e curiosas. Se você possuir dúvidas ou necessidade particular, não hesite em entrar em contato conosco.